CaririSports na Arena Pernambuco: O anúncio dos palcos da Copa das Confederações, na quinta, pode confirmar Recife na competição. CS esteve conferindo de perto o futuro estádio
Junior Cavalcante e Eduardo Carvalho em visita a Arena |
Na segunda-feira, os responsáveis pela construção da Arena Pernambuco
anunciaram a conclusão da cobertura de todo o setor sul do novo estádio. Mais
que um passo importante para a conclusão das obras - que alcançaram 70% do
total neste início de semana -, a novidade foi uma cartada significativa para
tentar evitar um fiasco de proporções tão grandes quanto a arena, que terá
capacidade para 46.000 pessoas.
O CaririSports esteve conferindo de perto através de Eduardo Carvalho e Júnior Cavalcante, o andamento das obras da Arena Pernambuco.
Recife vive uma semana decisiva, já que está a
poucos dias de descobrir se participará ou não da Copa das Confederações de
2013. Na quinta-feira, representantes da Fifa vêm ao país para anunciar, em uma
entrevista coletiva em São Paulo, quais serão as sedes da
competição, considerada o ensaio geral dos brasileiros para a
Copa do Mundo de 2014. Sabendo que corria o risco de mudar seus planos por
causa de atrasos nas obras nos estádios, a Fifa preparou três tabelas, com
seis, cinco e quatro cidades-sedes.
Se a entidade avaliar que todas as arenas
estão num estágio satisfatório, o plano original - com seis sedes - será
mantido. Salvador e Recife são as duas incógnitas na equação - e, hoje, a
capital pernambucana tem o inglório status de ser a principal dúvida para o
evento do ano que vem. Caso a Fifa tenha de mudar a configuração do torneio por
causa do fracasso da nova arena, o estado governado por Eduardo Campos será o
protagonista de um episódio constrangedor. Campos, que costura uma candidatura
à Presidência no ano do Mundial, sabe que a ausência na Copa das Confederações
pode ser péssima para sua imagem de bom administrador. Da mesma forma, a
capital pernambucana torce para não ficar marcada como a primeira cidade-sede a
confirmar os temores da Fifa sobre a realização da Copa no Brasil.
Orçada em 532 milhões de reais, com financiamento federal de cerca de 400
milhões, a Arena Pernambuco está sendo erguida em São Lourenço da Mata, a cerca
de 20 quilômetros do centro do Recife, pouco mais de 40 minutos de carro a
partir da praia de Boa Viagem. O governo estadual espera que a obra na chamada
"Cidade da Copa" seja o marco inicial de um processo maior de
crescimento e desenvolvimento econômico na região. "A Cidade da Copa é o
maior legado que o torneio deixará para o Brasil. Não tem nada parecido nas
outras cidades", afirma Ricardo Leitão, secretário extraordinário da Copa
de 2014 em Pernambuco (leia mais na entrevista abaixo). De acordo com ele, as
obras "estão avançando dentro do que foi estimado". A Fifa, porém,
não esconde a preocupação com o prazo de conclusão dos trabalhos. De acordo com
o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, a dúvida sobre Recife só será
esclarecida na quinta, data em que a Fifa deve anunciar os detalhes sobre a
venda de ingressos para 2013 - e quando, portanto, já não será mais possível
fazer alterações de última hora na tabela. "Uma vez iniciada a venda de
ingressos, será muito complicado se qualquer uma das sedes vier a ter problemas
para receber as partidas", escreveu o cartola numa carta divulgada na
última sexta-feira. "E aqui aproveito para bater mais uma vez na tecla da
prontidão. A questão não é ter tudo concluído no dia da abertura do torneio,
mas a tempo para a realização de pelo menos dois eventos-teste. É por isso
também que sempre reiteramos a necessidade de os estádios das grandes
competições da FIFA estarem prontos seis meses antes do primeiro jogo." O
recado dado por Valcke a menos de uma semana do anúncio das sedes aumentou
ainda mais a apreensão em torno da situação do estádio do Recife.
Os números da futura arena
46.100 lugares nas
arquibancadas, todos cobertos. O estádio também deverá ter camarotes privados
532 milhões de reais é o custo total da
obra, que terá cerca de 400 milhões de financiamento federal
8 jogos serão realizados no
estádio na Copa das Confederações (3 duelos) e na Copa de 2014 (5)
19 quilômetros separam o estádio
do marco zero do Recife. Para receber os visitantes, ele terá...
4.700 vagas em cinco áreas de estacionamento ao redor da nova arena, em São
Lourenço da Mata
Assim como outras três arenas previstas para a Copa das Confederações, a
obra em São Lourenço da Mata não estará pronta no fim deste ano, quando começa
a contagem regressiva para o torneio (a abertura está marcada para 15 de
junho). "Entregaremos o estádio na data limite para a utilização na Copa
das Confederações: em fevereiro", avisa o secretário Leitão, lembrando que
o prazo de seis meses citado por Valcke é considerado o ideal, mas não o obrigatório
para garantir o uso de uma arena na competição. Na última visita de Valcke ao
Brasil, Recife aproveitou até para
agendar a inauguração: 14 de abril, um domingo, às 17 horas,
ainda sem equipes definidas. Foi mais uma tentativa de tranquilizar a Fifa e o
Comitê Organizador Local (COL) sobre a entrega do palco pernambucano do
torneio. "Não vou duvidar da palavra e da assinatura de um governador, então
acredito que a arena estará pronta", disse o presidente da CBF e do COL,
José Maria Marin, na ocasião. Na segunda, enquanto os operários concluíam parte
da cobertura, Marin visitava as obras no Recife. Durante três horas, ele
inspecionou os trabalhos sem dar nenhuma declaração à imprensa. Assim como as
palavras de Valcke, o silêncio de Marin só serviu para reforçar a ansiedade dos
pernambucanos. Leitão tentou ser otimista. "Se já estivéssemos excluídos,
por que ele viria aqui?", perguntou. O secretário acha que Marin foi
pessoalmente a Recife porque queria confirmar os relatórios mais recentes sobre
a obra, já que não participou das últimas inspeções da Fifa e do COL, em
setembro e outubro. "No fim de novembro a obra deve atingir os 80%.
Restarão 20% para dezembro, janeiro e fevereiro", projetou Leitão, que
informou ainda que Pernambuco não enviará nenhum representante para acompanhar
o anúncio de quinta-feira. "A Fifa não convida ninguém para esses
eventos", justificou.
Mobilidade e legado - Ainda que o estádio
fique pronto a tempo de receber a Copa das Confederações - Recife receberia
três partidas da primeira fase da competição -, o governo pernambucano também
enfrenta o desafio de oferecer a infra-estrutura necessária no entorno da nova
arena. A obra fica numa região relativamente isolada, cercada de verde. Há três
opções para chegar ao estádio: pelas rodovias BR 101, BR 232 e BR 408, cujas
pistas ainda estão ruins, com muitos buracos. A maior parte, porém, já está
sendo reformada. Quanto mais próximas da arena, melhores estão as pistas.
Muitos moradores da capital pernambucana também se dizem preocupados com a
situação de uma via importante da cidade, a Avenida Recife, que também deverá
ser muito usada pelos visitantes que chegarem para o torneio. Ela costuma ser
um ponto de alagamento - e a competição acontecerá bem na época das chuvas.
Recife, aliás, é a cidade-sede da Copa em que mais costuma chover no período da
disputa, em junho. Por causa dessas dificuldades, uma alternativa importante
para transportar torcedores e convidados seria o transporte público. O governo
garante que haverá pelo menos um trecho de metrô pronto até fevereiro. Na
capital do estado, entretanto, é difícil achar quem acredite na conclusão da
obra dentro desse prazo. O projeto de mobilidade urbana é considerado essencial
para o sucesso da empreitada - não necessariamente na Copa, quando esquemas
alternativos podem dar conta do transporte dos visitantes, mas sim no futuro do
estádio depois de 2014. A arena foi projetada para uso múltiplo, com capacidade
para receber grandes shows, convenções e outros eventos. O complexo deverá
receber restaurantes, cinemas, um teatro, um museu e um shopping. A ligação
viária desse novo polo comercial e esportivo com as regiões mais populosas do
Recife pode ser a chave para que os planos do governo se concretizem.
Veja uma entrevista de Ricardo Leitão, secretário extraordinário da Copa de 2014 em Pernambuco, sobre as obras em São Lourenço da Mata, onde ele garante estar
confiante no sucesso da empreitada
A
construção da Arena Pernambuco está fora do prazo? As obras estão avançando dentro do que foi estimado. Em abril de 2011,
apresentamos à Fifa um plano de aceleração das obras, que está sendo executado
dentro do proposto. Entregaremos a arena na data limite para a utilização do
estádio na Copa das Confederações: em fevereiro.
A
melhor herança da Copa para o Recife será o estádio ou as obras ao seu redor? A Cidade da Copa é o maior legado que o torneio deixará para o Brasil.
Não tem nada parecido nas outras cidades. As outras estão apenas construindo ou
reformando estádios. Nós estamos criando um vetor de crescimento urbano em uma
região metropolitana adensada e um sistema viário para vincular esse novo polo
ao sistema viário metropolitano. É um legado que ficará para a população por
gerações, envolvendo reforma do aeroporto, novas rodovias e investimentos no
metrô. Se não fosse pela Copa do Mundo, não teríamos todos esses investimentos.
O estádio
fica em outro município. Isso pode afastar o torcedor que mora no Recife?
A capital tem três estádios de futebol: do Náutico, do Santa Cruz e do
Sport. Todos estão localizados em bairros residenciais, pois a cidade cresceu
muito. Quando foram construídos, há mais de 50 anos, não era assim. No caso do
Náutico, a torcida está acostumada a ir ao estádio andando. A ideia de levar a
Arena Pernambuco para longe do centro foi uma decisão do governo no sentido de
desconcentrar o adensamento metropolitano. O importante é ter transporte seguro
e rápido para o torcedor. O Náutico fez um contrato de 30 anos para levar seus
jogos para lá, o Sport também está negociando um acordo. Do ponto de vista do
futebol, o estádio desde já está totalmente viabilizado. Não há risco de se
tornar um elefante branco. Além disso, quem administrar o estádio não vai
querer só futebol o ano inteiro. Eles querem datas para outros eventos que dão
mais rentabilidade à arena, como shows e outros eventos.
Como
estão as obras de acesso e a prevenção contra alagamentos, já que costuma
chover muito em junho e julho?
A BR 408 está sendo duplicada. Isso faz parte da nossa obrigação dentro
do caderno de encargos da Fifa. É nosso dever recuperar as vias que levam à
arena. Existe, sim, uma preocupação especial com as chuvas, não só em relação
às rodovias, mas também na própria questão da drenagem do gramado.
A
rede hoteleira do Recife está pronta para receber os visitantes? Em 2011, a Fifa identificou um déficit de hotéis de 4 e 5 estrelas na
cidade. Hoje, porém, há cerca de vinte hotéis em reforma ou em construção na
região metropolitana. Entre os 3 estrelas, não há problema. Podemos também
receber turistas em transatlânticos ancorados no Porto do Recife, por
exemplo.
Haverá
metrô no estádio na Copa das Confederações? A linha está sendo
ampliada para chegar a cerca de 1.600 metros da arena. Isso ficará pronto até
fevereiro. Vamos instruir as pessoas a usar o metrô e depois pegar um ônibus
circular até o estádio.
O governo cogita decretar feriado nos
dias de jogos? Pretendemos adotar ponto facultativo e feriado escolar quando houver
partidas em dias de semana. Isso vai ajudar muito o trânsito da cidade a
funcionar, já que ainda temos um problema grande em termos de mobilidade
urbana.
CaririSports // Eduardo Carvalho e Júnior Cavalcante
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